Há hoje no mundo mais um grou do pescoço branco (Grus vipio), graças ao inovador programa de procriação do zoológico Smithsonian International de Washington, D.C. Acredita-se que pouco mais de 5 mil dessas aves existam no meio ambiente selvagem e esses animais remanescentes não procriam com tanta frequência. Para agravar o problema, pouquíssimos grous fêmea têm nascido em cativeiro nos últimos anos – e esse desequilíbrio tem colocado todo o programa de procriação em risco.
O Programa de Sobrevivência do Grou do Pescoço Branco do Zoológico Nacional Americano recebeu a ave-mãe da China no início do ano, mas a fêmea, de 20 anos, criada por humanos, nunca havia dado à luz e não tinha experiência com outros animais da espécie. De acordo com a Associated Press, ela “não sabia dançar, cantar em harmonia, fazer movimentos de jogar as patas e sequer conhecia outros rituais que são parte do cortejo dos grous”; quando encontrava machos que não viam esses movimentos, acabava sendo atacada.
Os cientistas do Zoológico Nacional Americano decidiram, então, adotar uma tática diferente: inseminação artificial. O processo não foi fácil. “O ornitólogo Chris Crowe aos poucos ganhou a confiança da ave – brincando com ela, sentando-se ao seu lado, adaptando-a a sua presença e toque – e finalmente pôde realizar a inseminação artificial com sucesso, sem a necessidade de imobilizadores ou anestesia”, segundo declaração do zoológico.
O próximo passo foi de igual importância. O zoológico queria garantir que o ovo trouxesse uma ave fêmea, sem a qual o programa de procriação continuaria estagnado. Para atingir o objetivo, a equipe do zoológico desenvolveu uma nova técnica que permitiu a penetração através da casca do ovo e a extração de sangue sem causar a morte do embrião e sem introduzir microrganismos potencialmente fatais. A equipe foi, então, capaz de determinar que a ave era, de fato, fêmea.
A tão desejada fêmea está sendo criada por seus avós paternos, uma vez que a mãe nunca aprendeu habilidades maternas.
Enquanto isso, grous de pescoço branco no ambiente selvagem encaram a periculosidade dos próximos anos. Eles já perderam uma quantidade considerável de hábitat para o desenvolvimento humano na bacia do rio Yangtze e, de acordo com a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, da sigla em inglês), seu hábitat pantanoso está atualmente passando por um período de seca com previsão de se estender até 2015, o que já diminuiu a taxa de procriação.
É por isso que o Zoológico Nacional Americano considera o programa de procriação tão importante: em um futuro próximo pode ser necessário assegurar a sobrevivência da espécie.
Fonte: Scientific American Brasil
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