Aversão às carnes pode ter explicação genética
O motivo pelo qual algumas pessoas têm, e outras não, aversão à carne
pode ser genético, de acordo com um novo estudo feito na Universidade
Norueguesa de Ciências da Vida. Segundo os pesquisadores, a presença de
um gene que permite que um indivíduo sinta um odor típico de carnes como
a de porco pode determinar a repulsa pelo alimento. "Para essas
pessoas, o cheiro da carne é repugnante e lembra odor de urina”, explica
um dos pesquisadores responsáveis pela pesquisa.
O trabalho, publicado nesta quarta-feira no periódico PLoS One, é um dos primeiros a mostrar como os genes podem influenciar os nossos hábitos alimentares.
Como explicam os autores do estudo, a capacidade de as pessoas
detectarem odores se deve a receptores químicos presentes nas células
nervosas do nariz. No total, um indivíduo possui genes ligados a
aproximadamente 400 receptores de odor diferentes, capazes de detectar
algo em torno de 10.000 cheiros variados. Alguns desses receptores são
capazes de detectar a androsterona, um hormônio esteroide encontrado em
grandes concentrações nos porcos machos. Estudos anteriores mostraram
que cerca de 70% da população mundial possui genes que permitem que uma
pessoa sinta a androsterona, o que provoca reações diferentes em cada
indivíduo.
De acordo com um dos autores do estudo, Hiroaki Matsunami, os
indivíduos mais sensíveis ao odor da androsterona são aqueles que
possuem as duas cópias do gene OR7D4, que é justamente o gene ligado aos
receptores capazes de detectar o hormônio. Ou seja, devem herdar o gene
tanto do pai quanto da mãe. “Para essas pessoas, o cheiro da carne
realmente é repugnante, e lembra suor ou odor de urina”, explica o
pesquisador. No entanto, como o autor indica, há pessoas com somente uma
cópia do gene (e uma variante) que, mesmo sentindo o odor do hormônio,
não se incomodam tanto com ele. “Esses indivíduos não acham o cheiro da
carne tão desagradável, e muitas vezes o odor é tão fraco que chega
perto de se tornar imperceptível”, diz.
A pesquisa — Para chegar a essa conclusão, Matsunami e
sua equipe selecionaram 23 adultos saudáveis. O trabalho foi feito em
três etapas: primeiro, os autores do estudo adicionaram androsterona em
dois de três copos de água e pediram que os participantes cheirassem
cada copo e identificassem qual deles tinha um odor diferente. Assim, a
equipe concluiu que os que estavam certos eram os indivíduos sensíveis
ao odor do hormônio. Em seguida, os participantes tiveram que comer
carne de porco moída e cozida com níveis variados de androsterona que
era acrescentada à carne e, depois, avaliaram sabor e cheiro do
alimento. Por fim, os autores realizaram testes genéticos nos
indivíduos.
Os pesquisadores descobriram que todas as pessoas que conseguiram
identificar o cheiro da androsterona nos copos de água tinham duas
cópias do gene relacionado aos receptores do odor do hormônio. Além
disso, esses indivíduos foram mais propensos a classificar o sabor da
carne como ruim. Por outro lado, aqueles que possuíam somente uma cópia
do gene não identificaram o odor da androsterona e tenderam a considerar
o sabor da carne bom.
Segundo os autores, o estudo mostrou que os genes certamente
influenciam a capacidade de uma pessoa identificar odores e,
consequentemente, interferem nas preferencias por determinados
alimentos. Porém, eles lembram que a experiência é outro fator que deve
ser levado em consideração, já que, segundo a pesquisa, parte das
pessoas que inicialmente não conseguem identificar determinado odor
podem passar a senti-lo se entrarem em contato com o cheiro
repetidamente.
Fonte: Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentem sempre! Assim saberemos o que vocês estão achando do Soul de Saúde! Duvidas, elogios e sugestões são muito bem-vindas!