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sábado, 7 de fevereiro de 2009

Dengue Controlada


Proteômica abre novas perspectivas para compreensão e controle do dengue

Fernanda Marques


Uma pesquisa da Fiocruz vai ajudar a compreender melhor os processos envolvidos na patologia do dengue. O estudo pode, no futuro, contribuir para o aperfeiçoamento das técnicas de diagnóstico e prognóstico, assim como para o desenvolvimento de uma droga específica para a doença. No mestrado em biologia parasitária do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), a bióloga Lidiane Martins de Albuquerque identificou dez proteínas plasmáticas (da parte líquida do sangue) que são expressas de forma diferenciada por pacientes com dengue, se comparados a pessoas saudáveis. A participação dessa dezena de proteínas nos mecanismos do dengue constitui uma novidade, na medida em que ainda não havia sido descrita na literatura científica.

Lidiane fez uma análise proteômica do plasma, isto é, verificou quais proteínas eram expressas pelos pacientes com dengue e comparou-as às das pessoas saudáveis. Para essa análise, foram coletadas amostras de sangue de 13 pacientes com dengue grave e de igual número de indivíduos saudáveis. Foram retiradas das amostras as células do sangue e também as seis proteínas mais abundantes do plasma, como albumina e IgG. O material restante foi submetido a duas técnicas: a eletroforese de fluorescência diferencial em gel 2D (DIGE) e a espectrometria de massas. A primeira técnica serviu para separar as proteínas e a segunda, para identificá-las.

Das proteínas diferenciais detectadas por Lidiane, cinco tiveram sua expressão aumentada e as outras cinco apresentaram níveis reduzidos nos pacientes com dengue. “A literatura científica, em geral, descreve que, no dengue, estão envolvidas proteínas conhecidas como citocinas, mas não fomos capazes de detectar nenhuma delas com a metodologia empregada”, diz. “As proteínas diferenciais identificadas podem estar relacionadas ao processo inflamatório desencadeado na infecção pelo vírus do dengue e/ou indicar mecanismos de reparo do dano vascular causado pela doença”, explica Lidiane, que foi orientada pelos pesquisadores Jonas Perales e Ana Gisele C. Neves Ferreira.

Os ensaios foram feitos no Laboratório de Toxinologia do Departamento de Fisiologia e Farmacodinâmica do IOC, que conta com equipamentos de ponta para a realização das técnicas. No caso da espectrometria de massas, o laboratório dispõe de um aparelho de última geração, o único existente na América Latina. O MALDI-TOF-TOF, modelo 4700, é utilizado em diversos projetos da Fiocruz e da Rede Proteômica do Rio de Janeiro, vinculada à Faperj.

A pesquisa de Lidiane durou quatro anos. O projeto teve início quando ela ainda era bolsista de iniciação científica e continuou ao longo de seu curso de mestrado. “Na primeira etapa, fiz a padronização das técnicas, de modo a otimizá-las para o que eu queria estudar”, lembra. Embora tenha analisado poucas amostras – 26 ao todo –, o objetivo de Lidiane foi alcançado. “Estamos diante de dez proteínas que devem ter um papel importante no dengue. A partir desses resultados, podemos fazer outros estudos específicos sobre cada uma delas”, afirma.

As técnicas proteômicas de fluorescência diferencial e espectrometria de massas usadas são caras, o que limita a análise de uma quantidade maior de amostras. “Contudo, essas técnicas revelam o caminho a seguir. Pesquisas posteriores, com metodologias mais rotineiras e maior número de amostras, poderão revelar, por exemplo, se alguma das proteínas diferenciais que encontramos é um bom marcador biológico para diagnóstico do dengue ou até um bom alvo terapêutico”, sugere. Segundo o pesquisador Jonas Perales, a análise proteômica realizada por Lidiane para o caso do dengue pode ser repetida para uma variedade de outras doenças, o que abre muitas perspectivas de pesquisas.

Agência Fiocruz

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